Docentes estiveram no auditório da Adufepe, na última sexta-feira (14), para assistir ao debate “Lava Jato e a luta pela democracia”. O evento, dividido em duas partes, contou com a presença do jornalista Luis Nassif. É dele a obra “A conspiração Lava Jato: o jogo político que comprometeu o futuro do país”. No primeiro momento, Nassif debate sobre os impactos da Lava Jato e de acontecimentos, a partir da Operação, que desencadearam o resultado das eleições em 2018. Na segunda parte do evento, o jornalista falou sobre o livro e deu início a uma série de autógrafos.
Mediado pelo professor José Policarpo Júnior (diretor da Adufepe), além de Nassif, a mesa do debate contou com a professora Liana Lewis (coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Autoritarismo e Contemporaneidade); do policial Marcelo Menezes (integrante do Movimento Policiais Antifascismo) e do professor João Paulo Allain Teixeira (docente de Teoria do Direito e Direito Constitucional na Faculdade de Direito do Recife (FDR/UFPE).
Pela primeira vez na sede da Adufepe, Nassif contou com um auditório lotado e atento as informações trazidas por ele. “A Lava Jato foi um desfecho que se inicia no começo do século, 2005 e 2006, e é fruto de mudanças estruturais que ocorrem no mundo. No livro, tento trazer o conjunto grande de fatores, porque não é apenas uma operação que surge do nada”, apontou.
De acordo com Luis Nassif, o bolsonarismo foi apoiado por um conjunto de associações que estão no limite entre a legalidade e a ilegalidade, associações estas, de setores, que atentam contra a saúde pública e são alvos de muita regulação. O autor do livro revelou que destinou um capítulo sobre a Máfia de Las Vegas, que, segundo ele, foram vitoriosas com a aprovação das bets.
“É impressionante quando você pensa que não, as bets saíram vitoriosas. Então, existe a máfia do jogo, a máfia do rifle, que tem a associação dos rifles dos Estados Unidos ligados aos Bolsonaros, e o Steve Bannon, com os seus sistemas de internet que alavancam a Lava Jato e a difusão de notícias através dos algoritmos. Também há um capítulo do livro dedicado aos neopentecostais”, contou Nassif.
A segunda a participar do debate foi a professora Liana Lewis. Para ela, a semente do fascismo no Brasil não emergiu com o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas sim com a Lava Jato, que fez um desmonte das instituições do país. “Estava comentando com meus alunos sobre a Lava Jato. Foi uma época histórica, que eles eram muito jovens, a maioria, hoje tem 18 anos, então não lembra direito daquele momento. Por isso, a gente vê a importância do livro de Nassif. Só em um breve relato é possível constatar de como uma história recente foi muito definidora de tudo que a gente vive em relação ao fascismo”, exaltou Liana.
O terceiro a expor a ideia sobre a “Lava Jato e a luta pela democracia” foi o docente de Teoria do Direito e Direito Constitucional na Faculdade de Direito do Recife (FDR/UFPE), João Paulo Allain Teixeira. Ele relembra que durante o período em que a Lava Jato estava em evidência, toda a construção que o país fez, após a Constituição de 88, eram colocadas em cheque nas salas de aula. “Acredito que o caminho é, de fato, consolidar e fortalecer as instituições democráticas e adoção de uma postura crítica. É importante, por exemplo, eventos como este hoje. A contribuição de jornalistas como Nassif e é fundamental também que a gente tenha órgãos de participação disseminadas pela sociedade civil”, ressaltou João Paulo Allain Teixeira.
Por fim, o representante do Movimento Policiais Antifascismo Marcelo Menezes explicou que a criação do movimento se deu a partir da insatisfação sobre os rumos da política de segurança vigente do Brasil. “Temos lutado muito por conta dos diversos entraves que encontramos com o posicionamento da ultradireita e extrema-direita e queríamos criar um contraponto, mostrar que as pautas da ultradireita não são consenso dentro da polícia. Precisamos de políticas públicas de segurança. Queremos uma policia humanizada que seja voltada ao cidadão”, avaliou o policial.
AUTÓGRAFOS
A segunda parte do evento contou com um coffee break e dedicatórias com autógrafos para aqueles que compraram o livro, disponível à venda, em um stand que estava no hall da sede.
“Para mim foi um prazer lançar o livro aqui no Recife. A capital pernambucana desde sempre faz parte do que acredito como aspiração de Brasil. Sempre que eu estou desanimado com o Brasil e tudo, eu e minha esposa, a gente vem para Recife. Para curtir as músicas daqui, a liberdade do Recife. Então, agradeço muito ao espaço e para mim foi uma honra estar aqui”, afirmou Luis Nassif.